Você sabia que nem todo resíduo sólido pode ser descartado no lixo doméstico? O ideal é que sejam descartados apenas os resíduos que não ofereçam riscos à saúde, ao meio ambiente e que não têm mais nenhuma utilidade. Contudo, grande parte das pessoas ainda não sabe como fazer o descarte adequado dos produtos e isso acarreta vários impactos negativos ao meio ambiente. Muitos resíduos que poderiam ser reutilizados ou reciclados, na maioria das vezes, acabam indo para o lixo comum, o que sobrecarrega os aterros sanitários e contribui também para o desenvolvimento de lixões que, apesar de já serem proibidos por lei, ainda são um problema de saúde pública.
Resíduos descartados de forma inadequada contribuem para o aumento da poluição, contaminação do solo e da água e também disseminação de doenças. Por isso, para que os resíduos possam ser reaproveitados ou tenham uma destinação final ambientalmente correta, eles precisam ser separados, através da coleta seletiva, caso contrário, serão misturados ao lixo doméstico. Através da coleta seletiva os produtos são separados nas seguintes categorias: Secos (papéis, plásticos, vidros e metais), Úmidos (restos de alimentos), Perigosos (agrotóxicos; pilhas e baterias; pneus; óleos lubrificantes; lâmpadas fluorescentes; produtos eletroeletrônicos e seus componentes; medicamentos) e Rejeitos (aquilo que não tem mais utilidade e que não pode ser reciclado).
Os produtos perigosos oferecem maior risco às pessoas e ao meio ambiente, dessa forma, necessitam de um sistema específico que faça o recolhimento desses produtos ao fim de sua vida útil. O serviço de limpeza público é responsável por fazer a coleta do lixo comum e transportá-lo para um aterro sanitário, onde serão tratados.
Visando amenizar os impactos ambientais e trazer uma solução aos problemas gerados pelo descarte incorreto dos produtos, surge a Logística Reversa dos Resíduos que, é um conjunto de ações e procedimentos que busca promover a coleta e devolução dos resíduos sólidos aos seus fabricantes, uma vez que, eles são responsáveis pelos destinos finais de seus produtos. Assim, esses resíduos podem ser reaproveitados na cadeia produtiva e servir de matéria-prima para gerar novos produtos ou ter uma outra destinação adequada, que leve em consideração a questão da sustentabilidade.
A Lei nº 12.305/2010 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), definiu a Logística Reversa e dispôs sobre o princípio da Responsabilidade Compartilhada pelo Ciclo de Vida dos Produtos (série de etapas que vão desde o desenvolvimento do produto até a sua destinação final). Nesse sentido, a responsabilidade deve ser compartilhada entre o poder público, setor privado (fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes) e a sociedade civil. O consumidor é responsável por entregar os resíduos sólidos em postos de coleta específicos de logística reversa. O setor privado é responsável por fazer o gerenciamento ambientalmente correto dos resíduos sólidos. Ao Poder Público, cabe fazer a fiscalização do processo e promover, assim como os demais, a conscientização e educação do cidadão.
A imagem abaixo mostra o Ciclo da Logística Reversa:
Hoje iremos falar sobre a logística reversa dos Resíduos Eletroeletrônicos, mais conhecidos como Lixo Eletrônico. Aqui estão incluídos os equipamentos como: geladeiras, freezers, condicionadores de ar, televisores, monitores, notebooks, tablets, lâmpadas, máquinas de lavar roupas, fogões elétricos, telefones celulares, impressoras, computadores, entre outros.
Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR)
“equipamentos eletroeletrônicos de uso doméstico são todos aqueles produtos cujo funcionamento depende do uso de correntes elétricas com tensão nominal não superior a 240 volts. Ao final de sua vida útil, tornam-se um resíduo que deve ser gerenciado de forma ambientalmente adequada. Sendo assim, é muito importante que se estabeleçam mecanismos para que o consumidor possa efetuar a devolução destes produtos para que o setor empresarial se encarregue de sua destinação final ambientalmente adequada”.
O lixo eletrônico vem aumentando consideravelmente a cada dia e seus impactos afetam a todo o planeta. Cada vez mais os equipamentos eletroeletrônicos estão presentes em nosso cotidiano, seja em nossas casas, no trabalho e em todos os lugares que vamos. A cada dia dispomos de mais recursos tecnológicos para facilitar nossas vidas. Porém, isso se torna um problema quando, ao chegar ao fim de sua vida útil, esses equipamentos são descartados de forma inadequada. Tal situação é preocupante, uma vez que esses equipamentos possuem metais tóxicos em sua composição que podem contaminar o solo e a água e prejudicar a saúde das pessoas, oferecendo entre eles, riscos de intoxicação dos órgãos e desenvolvimento de câncer. Entre os metais pesados mais encontrados no lixo eletrônico estão o mercúrio, chumbo, cádmio e produtos químicos como clorofluorcarbonetos, os chamados CFCs.
Segundo informações do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) “cerca de 70% dos metais pesados encontrados em lixões e aterros sanitários controlados são provenientes de equipamentos eletrônicos descartados incorretamente”.
No panorama mundial referente à questão do lixo, temos que os países desenvolvidos e ricos são os que mais geram lixo eletrônico. Em termos de legislação sobre esse assunto, no continente Europeu, a legislação sobre lixo eletrônico é mais avançada, o que favorece para que uma maior quantidade de resíduo seja coletada e reciclada.
Quanto à quantidade de lixo gerada,
“de acordo com o relatório The Global E-Waste Monitor, produzido pela ONU em 2017, o Brasil produz em média 1,5 milhão de toneladas de lixo eletrônico por ano. No mundo, foram gerados o equivalente a 4,5 mil Torres Eiffel de lixo eletrônico (44,7 milhões de toneladas) nesse mesmo ano. Até 2021, a previsão é que esse número suba para 52,2 milhões de toneladas por ano”.
Diante do que foi exposto, percebemos a importância da logística reversa que, se mostra como uma alternativa para o problema do lixo eletroeletrônico, além de uma grande aliada da Economia Circular que, visa a uma melhor utilização dos recursos naturais. A conscientização e educação das pessoas quanto às questões ambientais mostra-se como algo fundamental. A logística reversa, além de amenizar os impactos provocados ao meio ambiente devido ao descarte incorreto dos resíduos, também traz benefícios para a economia, como a geração de emprego e renda, surgimento de produtos ecologicamente corretos, geração de negócios mais sustentáveis, entre outros. O lixo eletrônico se bem gerenciado, pode ser transformado e ganhar nova utilidade, trazendo benefícios a todos, mas para isso, cada um precisa realmente assumir a responsabilidade que lhe compete nesse processo.
Se você tem resíduos eletroeletrônicos em casa, faça sua parte e descarte em postos de coleta apropriados para isso. Na cidade de Belo Horizonte, a “BH Recicla” realiza serviço de coleta gratuita de resíduos eletroeletrônicos. Para maiores informações sobre como fazer esse descarte, acesse o site:
Elaborado por Aline Fonseca – Coordenadora do Programa PADES do SINDILURB| Revisão Andréia Araujo
Referências:
Logística Reversa. Disponível em: <https://sinir.gov.br/logistica-reversa>. Acessado em 01/10/2021.
Eletroeletrônicos e seus componentes. Disponível em:<https://sinir.gov.br/component/content/article/63-logistica-reversa/474-acordo-setorial-de-eletroeletronicos>. Acessado em 01/10/2021.
Logística reversa: o que é e importância. Disponível em: <https://www.ecycle.com.br/logistica-reversa/>. Acessado em 01/10/2021.
Lixo Eletrônico: o que é e como descartá-lo corretamente. Disponível em: <https://www.ecycle.com.br/lixo-eletronico/>. Acessado em 01/10/2021.
O crescimento do lixo eletrônico e suas implicações globais. Disponível em: https://www.cetic.br/media/docs/publicacoes/6/20191217174403/panorama-setorial-xi-4-lixo-eletronico-atualizado.pdf. Acessado em 01/10/2021.
Last modified: 13 de abril de 2023