O segmento de resíduos sólidos apresenta-se como um mercado em ascensão e com grandes oportunidades de negócios para o empreendedorismo na área ambiental. Devido à numerosa quantidade de resíduos sólidos gerados em todo o planeta, reflexos da lógica de produção do século XXI, que já traz consequências climáticas mundiais e prejuízos na qualidade de vida das pessoas, dar uma destinação adequada para esses resíduos passou a ser uma preocupação emergente.
Como na prática, o descarte dos resíduos ainda não é feito da forma adequada em muitos países, essa questão continua sendo um grande problema a ser resolvido. No cenário brasileiro, com a criação da Política Nacional de Resíduos Sólidos em 2010, cada vez mais, os negócios voltados para a questão da sustentabilidade e da economia circular têm ganhado espaço e visibilidade. Contudo, mesmo com a legislação vigente, a lei ainda não é aplicada na íntegra. Dessa forma, a demanda por profissionais que tenham conhecimento na área ambiental e estejam capacitados para fazer a gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos é crescente e pode ser bastante rentável, abrindo espaço para a criação de negócios focados em trazer soluções para esse problema.
Muitas empresas compram e utilizam materiais recicláveis como matéria-prima em sua produção, o que reduz seus custos. E para isso, é necessário que haja profissionais para fazer a intermediação na cadeia produtiva, conectando os fabricantes, vendedores, compradores e também, fazer a destinação adequada dos materiais que não podem mais ser reaproveitados.
Segundo o Sebrae Minas, “as Greentechs, empresas de iniciativa verde que utilizam soluções tecnológicas para reduzir o impacto ambiental negativo e criar produtos e serviços que ajudem a preservar o planeta, estão despontando como uma solução de alto impacto para barrar os efeitos de uma lógica de produção insustentável”. Dessa forma, o lixo pode trazer muitas oportunidades de crescimento e investimento, principalmente para modelos de negócio como startups ou empresas que promovem a inovação. Contudo, por ser uma área competitiva, os empreendedores precisam ter um diferencial em seus serviços.
De acordo com a consultora do Sebrae-SP, Dòrli Terezinha Martins, a gestão de resíduos é uma oportunidade de negócios para as micros e pequenas empresas, em que muitas áreas que podem ser exploradas, entre elas, a reciclagem de resíduos. Para quem pretende atuar nessa área de gestão de resíduos sólidos, é importante estar atento às exigências do mercado, saber quais as certificações e licenças necessárias, fazer cursos na área, além de conhecer bem seu cliente.
Segundo Maurício Mirra, consultor de projetos em sustentabilidade da Machado Design e Consultoria, as micros e pequenas empresas apresentam vantagem nesse mercado frente às grandes empresas, pois “as inovações na área de reciclagem e gestão ambiental exigem agilidade, o que dá vantagem às pequenas empresas, que são mais flexíveis”. Acrescenta ainda que, para cumprir as metas estabelecidas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, de redução de resíduos que vão para os aterros sanitários, algumas organizações e municípios estão contratando serviços especializados para fazer a coleta e descarte adequado dos produtos que iriam para o lixo comum. Assim, Mirra destaca que
“são necessárias empresas para recolher, processar e devolver os materiais para o processo produtivo como matéria-prima. Um empreendedor que tenha conhecimento específico e saiba dialogar com a cadeia, com cooperativas de catadores, prefeituras e outras empresas, tem chances de sucesso”.
O Brasil está entre os países que mais gera resíduos sólidos e o grande problema é que, apenas 3% das 80 milhões de toneladas de lixo geradas por ano, são reutilizadas. Conforme um estudo realizado pela Pipe Social, apresentado no 3º Mapa de Negócios de Impacto do Relatório Nacional 2021, no país houve um crescimento de 42% nos negócios focados na gestão de resíduos. Tais dados reforçam o grande potencial do lixo em se tornar um negócio de impacto e lucrativo.
Algumas empresas atuantes nesse mercado de gestão de resíduos oferecem benefícios para o consumidor final e contam com programas de incentivos de pontos e vantagens para estimular e recompensar o consumidor que leva os resíduos sólidos nos pontos de recolhimento. Entre elas, temos a startup Molécoola, fundada em 2017, que incentiva o consumidor a praticar reciclagem através de um programa de fidelidade ambiental em que a pessoa recebe pontos pelo material reciclável que ela leva nas estações da startup.
Outro exemplo de gestão de resíduos é a GreenPlat, criada em 2017. Ela atua com logística reversa, através de um software ESG que permite o rastreamento e monitoramento on-line de toda a cadeia produtiva, desde a geração até a destinação final dos resíduos. A GreenPlat foi a primeira startup do Brasil na área ambiental a receber o prêmio Technology Pioneer, concedido pelo World Economic Forum. Um de seus cases de sucesso é o projeto de Logística Reversa e economia circular do iFood, com o propósito de alcançar Aterro Zero e rastrear o recolhimento de todas as mochilas antigas e em más condições dos parceiros iFood de todo o Brasil, e enviá-las para um destino ambientalmente adequado. Com essa ação, em menos de um ano o iFood passou a ser Aterro Zero.
No segmento de medicamentos, a PegMed é uma plataforma online que surgiu com a proposta de intermediar com a indústria farmacêutica a doação de remédios próximos do vencimento que não podem mais ser comercializados, com entidades assistenciais que necessitem de medicamentos.
Esses são apenas alguns exemplos. As oportunidades estão aí e vão se destacar aqueles que souberem transformar os problemas em soluções sustentáveis que tragam benefícios ambientais, sociais, econômicos e maior qualidade de vida para as pessoas.
Elaborado por: Aline Fonseca – Coordenadora do PADES do SINDILURB-MG | Revisão: Andréia Araujo
Referências
Gestão de Resíduos: lixo vira negócio de impacto lucrativo. Disponível em: <https://pensegrande.org.br/noticias/380/gestao-de-residuos-lixo-vira-negocio-de-impacto-lucrativo> Acesso em 22 nov. 2021.
Greentech: o que é e porque você deveria ficar de olho. Disponível em:<https://inovacaosebraeminas.com.br/greentech-o-que-e-e-porque-voce-deveria-ficar-de-olho/> Acesso em 29 nov. 2021.
O que é a GreenPlat? Disponível em: <https://greenplat.com> Acesso em 22 nov. 2021.
PegMed. Destinação social de itens de saúde não comercializáveis. Disponível em: <https://pegmed.com.br/> Acesso em 22 nov. 2021.
Por que o setor de resíduos sólidos é considerado o mapa da mina para o empreendedorismo ambiental? Disponível em: <https://portalresiduossolidos.com/por-que-o-setor-de-residuos-solidos-e-considerado-o-mapa-da-mina-para-o-empreendedorismo-ambiental/> Acesso em 22 nov. 2021.
Reciclagem de resíduos vira negócio para micros e pequenas empresas. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/04/22/gestao-de-residuos-traz-oportunidades-para-micro-e-pequenas-empresas.htm> Acesso em 26 nov. 2021.
Resíduos sólidos urbanos no Brasil: desafios tecnológicos, políticos e econômicos. Disponível em: <https://www.ipea.gov.br/cts/pt/central-de-conteudo/artigos/artigos/217-residuos-solidos-urbanos-no-brasil-desafios-tecnologicos-politicos-e-economicos>. Acesso em 29 nov. 2021.
3º Mapa de Negócios de Impacto. Relatório Nacional 2021. Disponível em: https://mapa2021.pipelabo.com/downloads/3_Mapa_de_Impacto_Relatorio_Nacional.pdf Acesso em 29 nov. 2021.
Last modified: 13 de abril de 2023
